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Eurico Rezende

sobre

Eurico Rezende (1960-2009) Eurico Rezende fez parte da geração 80 de artistas de Ribeirão Preto, estado de São Paulo.Iniciou seus trabalhos de esculturas sob orientação do escultor e artista plástico italiano Bassano Vaccarini. Também foi fundamental, em seu início de carreira, a presença do artista e crítico de arte Pedro Manuel Gismonti, que o convidou para a sua primeira exposição individual, em 1986, na Delegacia Regional de Cultura em Ribeirão Preto.A partir daí, sua produção foi intensa. Em toda a trajetória de seu trabalho aparecem contraposições entre pesos, massas, dimensões e proporções aparentemente contrastantes que se organizam e se equilibram.Há sempre uma relação entre o micro e o macro cosmos, entre o equilíbrio e o caos.São marcantes a exploração do traço na escultura, a fragmentação da forma e o geometrismo. Sua tendência maior é para o abstracionismo, mas se permitiu a transitar por criações figurativas e pelo ready-made, principalmente nos objetos.Na sua exploração de divergências nas formas apresenta nas peças de ferro fundido, material pesado, traços soltos e sinuosos que se verticalizam rompendo com volumes e fragmentando as obras, em contradição com o peso do material. O diálogo entre materiais também é uma constante em sua produção. Cada série apresenta uma dicotomia entre esses materiais de forma bem definida.O resultado dessas experimentações traz, tanto nas formas como nos conteúdos, composições a partir de contradições, relações a partir de antagonismos.Surgem assim misturas inusitadas de materiais como chumbo/parafina, pedra/vidro, chumbo/poliestireno, ferro/pedra, madeira/ferro, trabalhando com desafios entre formas, volumes e densidades.Em meio a esses trabalhos também produziu séries figurativas, simbólicas, mais voltadas a questões de existência humana.Seus últimos trabalhos em escultura utilizam a madeira, prego e elementos de ferro fundido numa série que trata de sensações incômodas, onde a estabilidade momentânea pode se romper. Aqui, todo o equilíbrio também traz um estado de instabilidade, de efemeridade.

Em sua carreira, Eurico Rezende foi selecionado e premiado em importantes salões de arte contemporânea do país, em vários estados brasileiros como Santa Catarina, Goiás, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Pará. Obras suas pertencem a acervos de museus como o Espaço Henfil em São Bernardo, MAC de Goiás, museu de Tenri-Nara, no Japão (onde foi selecionado em um Salão Internacional), e de coleções de entidades privadas como ETCO – Publicidade e Propaganda, em Ribeirão Preto, Centro Cultural Sistema COC de Ensino, Faculdades COC – Ribeirão Preto, Unimed – Ribeirão Preto, Instituto da Visão Reynaldo Rezende em Ribeirão Preto.Também desenvolveu trabalho como educador de artes, coordenando cursos de escultura desde 1990. Deu aulas nas Oficinas Culturais do Estado de São Paulo e em cursos de extensão universitária da USP (Universidade de São Paulo) - Ribeirão Preto e UFU (Universidade Federal de Uberlândia), no SESC-SP, e em diversas escolas particulares.Destacou-se pelas suas atividades em vários projetos sociais voltados a crianças e adolescentes, entre eles o Programa Ribeirão Criança, que em 1996 recebeu o Prêmio Criança e Paz da UNICEF. 

 

 

Um modo inédito e não convencional para fazer escultura é o uso de materiais plásticos de vários tipos (pedra-sabão, vidro, ferro...) que, com o domínio da técnica, vem separados, plasmados, misturados e montados, sobre base de pesquisa, experimentação e paciente técnica artesanal, que consente grande liberdade de formas, flexibilidade e fascínio de cores além dos efeitos plásticos não comuns, dificilmente realizáveis em outros materiais.Essa é a produção de Eurico Rezende.

Bassano Vaccarini – Artista Plástico – Museu de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto – SP (1995) 

 

 

 

A criação cultural de Eurico Rezende começou num tom de intimidade e sensível plasticidade, apoiando-se nos fabulosos recursos expressivos da pedra sabão.O jogo das massas rapidamente se equilibrou com os elementos vazados e, na evolução destes, passou aos grandes campos, aos vazios cercados pelo ferro rígido e reto.Ultimamente, voltando à pedra desfrutada de todas as suas capacidades, do liso ao quebradiço, numa seqüência de toques macios e hirtos, orquestrou um contraponto com o vidro redondo, liso, transparente e brilhante, colocado na horizontal, enquanto a pedra, quebrada, acidentada, ergue a estrutura vazada.O conjunto desses elementos dá origem a uma sinfonia vívida, brilhante e poética de elementos vazados que a meu ver, dentro da tradição da pedra sabão, responsável pela grande epopéia nacional dos nossos profetas formulados pelo gênio de Aleijadinho, glória de nossa escultura, inserem e nobilitam o vidro industrial e corriqueiro, fazendo da escultura de Eurico Rezende algo original e novo, instalado na melhor tradição brasileira.

Pedro Manuel Gismondi – Artista Plástico e Crítico de Arte - Museu de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto – SP(1995) 

 

 

 

Matéria continente e matéria contida num todo em que a redução das formas valoriza a mensagem de cumplicidade. Mas desde sempre do todo fundido permanece aberta uma passagem.O discurso toca o vazado e o cheio, a dureza e adequação dos elementos às situações, a relação possível das diferenças, onde a forma preenchida e dura do chumbo contrasta com a maciez nacarada da parafina, que adere a quem lhe é tão estranho na severidade e na cor. E eis a interação sublime: estrutura protetora preservando entranhas maleáveis.

Cássio Padovani – Historiador de Arte – Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba –SP (1999) 

 

 

Eurico Rezende pertence a uma nova geração de artistas de Ribeirão Preto que no começo da década de 1980 inicia sua carreira profissional participando assiduamente dos salões de arte moderna, no Brasil e no exterior, recebendo inúmeros prêmios, que vieram a confirmar o acerto de sua produção.A pedra sabão marcou seu primeiro processo de trabalho, onde figuras humanas, esculpidas em blocos, se envolvem e se repetem.Permanece nesse exercício por algum tempo, realizando uma quantidade de peças.Marcado por uma inquietação e busca constante, sua obra vai ganhando uma pluralidade formal e grande diversidade criativa.Em um segundo estágio, o encontro com a abstração geométrica marca definitivamente sua linguagem. O ferro e a fundição trazem seu processo ideal de fazer artístico. Seus trabalhos se enriquecem com novas soluções estruturais. Cria formas planas quadradas ou retangulares que se projetam para o espaço.Sua necessidade interior de pesquisar sempre o leva a desenvolver obras com alguma originalidade: volumes circulares, elementos planos, lineares ou fragmentados que avançam livremente pela superfície. Faz ainda o jogo de leve e do pesado, fundindo no chumbo a forma sólida com a líquida, usando a parafina diluída, que se moldam em uma simbiose pacífica.Molda ainda o vidro, intercalado em pequenos blocos de pedra, que avançam soltas no espaço, com grande efeito plástico.Constrói colunas vazadas em ferro, onde a representação da verticalidade marca seu encontro com a espiritualidade.Prosseguindo sua trajetória, realiza objetos em madeira rústica, formado de pequenos espaços onde figuras humanas fazem seu habitat. Usa o conceito como símbolo, para mostrar que o refúgio é ao mesmo tempo, prisão. É o momento que nos torna todos testemunhas da realidade histórica.Eurico continua, firme, determinado na sua busca incessante, criando uma obra que se transforma e se expande, nos levando sempre do prazer estético ao reflexivo.

Odila Mestriner – Artista Plástica - Espaço Cultural Folha de São Paulo - Ribeirão Preto (2005) ” - Ribeirão Preto (SP) – out/nov/dez/90

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